Críticas políticas e um humor ácido, é o que encontramos nas criações de TÖSKØ. Auto denominando-se como a criança esquecida dos anos 90, ele trata sobre o “0 compromento estético padrão” – aspecto com o qual a gente se identifica puramente. Tosko contou pra gente que desenha desde os 5 anos de idade e lá pelos 15 começou a se identificar com o movimento Punk anarquista e junto vieram as pautas LGBTQ+, o feminismo e a luta contra o racismo. Para ele, essas lutas sociais eram como o “pacote da revolução”, diferente do que vemos hoje: Pink money e empresas que se apropriam de causas para lucrar. Como Tosko diz, o capitalismo sempre acha uma forma de silenciar a revolução. Afinal, o dono do dinheiro costuma sempre ser o opressor.
“Não podemos esquecer da luta de classe, da opressão do rico sobre o pobre, da miséria e desigualdade do nosso país. Um país onde a maioria é negra e ainda assim, o racismo velado não perde força. Onde as maiores buscas porno são para travestis, e elas são as que mais morrem por aqui.” Diz ele.
Entrevistamos esse personagem, que de cara soubemos que tinha muito a nos ensinar, pra você conhecer e imergir na realidade dele, se liga:
– Conta um pouco de você, como começou a se relacionar com a arte e usá-la como ferramenta de luta/protesto?
Desenho desde os cinco anos de idade, com 13 eu já escutava Racionais, mas aos 15 anos fui apresentado ao movimento Punk Anarquista, e junto com isso às pautas LGBTQIA+, luta contra racismo, o feminismo. A 15 anos atrás essas lutas não estavam tão segregadas, para mim era “o pacote de revolução”. Hoje está tudo tão apropriado por empresas multinacionais. O capitalismo sempre acha uma forma de silenciar a revolução, por que quem tem o dinheiro, ainda é o homem branco hétero.
Não podemos esquecer da luta de classe, da opressão do rico sobre o pobre, da miséria, desigualdade do nosso país. Um país onde a maioria é negra, mas ainda assim, o racismo velado não perde força. Onde as maiores buscas porno são para travestias e elas são as que mais morrem por aqui, com uma estimativa de 33 anos de vida. É certo isso?… Bem, voltando… No punk eu aprendi a fazer serigrafia, fanzine, entendi que arte tem uso, não serve só para vernissage com rico cheirado falando merdas egocêntricas.
O Punk me mostrou que você não precisa de permissão. FAÇA VOCÊ MESMO.
– E sobre o “0 compromento estético padrão”? (a gente curte muito isso)
Bom, essa máxima vem como um revelador de prioridades no meu trabalho. Pois existe sim muito comprometimento, mas nunca com a estética nem com o padrão. Me comprometo com a luta de classes, com a crítica as minorias ricas, brancas e heterossexual, que alem de se comportarem como se fossem maioria, literalmente matam meus irmãos e irmãs. Então esse termo pode parecer apenas um Niilismo. Mas não! É coletivo e revolucionário.
– Qual a influencia do skate, rap e punk no seu trampo?
Eu sou a criança esquecida dos anos 90. Sou de 89, fui criado na rua, periferia de São Jose, descalço nas lajotas, pisando em ponta de cigarro. Era obvio que o Rap o skate conversavam com todos os meninos do bairro, tanto pela época, quanto pelo fator marginal. Isso reflete no meu trabalho porque todos somos esponjas, não podemos criar sem referencias, e as minhas são e sempre serão essas. Ande de skate e destrua!
– Hoje você consegue se sustentar com o que ganha trabalhando com sua arte e as vendas das camisetas e adesivos?
A seis anos atras eu decidi que eu viveria do que produzo, e não enriqueceria mais nenhum burgues safado! Diferente da Betina, eu não tinha nem um centavo guardado em lugar nenhum, nem papa e mama. Levou esse tempo, 6 anos, para hoje eu sobreviver com minha produção. o complicado foi acreditar que alguém compraria o que eu desenhava. por mais que muitos amigos dissessem, “faz camisetas! seu trabalho é muito fod*”, eu vendia meus quadros, fazia cartazes para shows, mas não tinha coragem e nem dinheiro para começar a fazer esse lance de camisetas. Mas eu sempre fiz as paradas e meti a cara, comecei com pré vendas, e usava o dinheiro da pessoa para produzir a camiseta dela, e foi indo. Hoje estou me alimentando, alimentado meus gatos e cachorros e pagando minhas contas com o t0sko.
Curtiu? Para ver mais sobre o trampo de T0sko siga o Instagram @t0sko
Se você também produz arte ligada a cultura urbana, entra em contato com a gente pelo Instagram @VistaSkate ou pelo e-mail luisa@vista.art.br
Fonte: vista.art.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário