(Photo: Curtis Mitchell)
Em 2012 a National Geographic, um dos mais respeitados meios de comunicação do mundo, elegeu o skatista norte-americano
Booker Mitchell um dos
“Viajantes do Ano”. Filho da premiada documentarista brasileira
Tânia Cypriano, Booker tem um programa na internet que mostra suas viagens pelo mundo, o “
Booker Travels“. O skate está sempre na bagagem e as sessions obrigatoriamente fazem parte do roteiro.
Booker tem aventura no DNA. Sua mãe saiu de São Paulo aos 16 anos de idade pelo mundo afora. Morou na Califórnia, Havaí e atualmente Nova York, onde conheceu e se casou com o escultor e professor de artes plástica Curtis Booker, pai de Booker. Por email, o skatista-viajante concedeu uma entrevista ao blog.
O que você sabe sobre o skate brasileiro?
Eu sei de caras como Piolho, Mineirinho e Ferrugem por causa dos meus tios. Mas com o street moderno eu acho que sei muito mais do que poderia, porque eu tenho certeza que há muitos caras ‘underground’ e picos que provavelmente são alucinantes e eu não tenho ideia sobre eles. No mundo do skate ‘mainstream’, eu acompanho caras como Adelmo Jr e Luan de Oliveira. Minha única experiência andando de skate no Brasil foi em Santarém, graças a um incrível grupo de garotos que eu conheci, entre eles, Alarico Neto e Alwynho. Eu preciso voltar e vê-lo mais.
Em Nova York, onde e com quem você costuma andar de skate?
Há algumas skate plazas pelo centro, na Wall Street, que eu gosto de ir. E agora há esse empurrão dessas pistas de skate muito bem desenhadas. Então, recentemente, tem essas street plazas pipocando, as perfeitas LES e Tribeca. Mas voltando, o legal de Nova York é que você não precisa de um carro para circular, então eu só me encontro com um ou dois amigos e cruzamos por aí. Pegando muita velocidade e tentando achar novas coisas para andar de skate.
Sessão no Tribeca, um dos parques mais famosos de Nova York.
(Photo: Evan Creed)
Os picos de skate pesam na hora de escolher os destinos das suas viagens?
Nenhum pico específico, mas a cena do skate e a história que se propaga nas locações influenciam meu desejo de ir lá. Ambos lugares que eu fui andar de skate (Barcelona e São Francisco) são extremamente bem conhecidos no mundo do skate e tem desempenhado papéis importantes transformando no que são hoje.
Você já andou de skate em diversos países. Qual a principal semelhança entre os skatistas que você percebeu entre todas culturas?
O skate está se tornando um esporte muito internacional agora. A internet conecta todos também, então em todos lugares que eu vou as pessoas sabem sobre as mesmas grandes marcas, profissionais, manobras, picos e vídeos. É como a maioria dos esportes. Se há dois garotos de lados opostos do mundo que jogam futebol e eles se encontram, você pode dar à eles uma bola e eles imediatamente se tornarão melhores amigos, mesma coisa com o skate.
Seu programa é em inglês. Vocês tem planos de legendar ou produzir algo em português ou outras línguas?
Nós temos muitos pedidos para legendar, e queremos muito que garotos que não sejam norte-americanos entendam o que esteja sendo dito. Nós somos pequenos e nosso foco agora é ter um conteúdo periódico. Mas espero que alguma hora num futuro próximo possamos legendar. Eu não ficaria surpreso.
Como você recebeu a notícia que foi um dos viajantes do ano pela National Geographic?
Eu estava na praia quando minha mãe recebeu a ligação, e é um momento que não vou me esquecer. Mas também, essa é a primeira vez que a National Geographic deu esse prêmio, então não só fiquei muito honrado por ter ganho, como muito feliz por fazer parte da primeira edição.
Qual foi o impacto dessa nomeação na sua vida?
Eu fui visitar a sede da National Geographic em Washington e participei do programa National Geographic ao vivo, algo que não é normal para um garoto de 15 anos de idade. Então isso foi uma mudança na minha vida por si só. Mas, desde então, a National Geographic tem sido ótima para a gente e abriu novas portas. Agora estou escrevendo para o blog deles “
Intelligent Travel”. Outro impacto é que agora temos mais suporte para ir aos lugares e as pessoas são mais dispostas para deixarem ser filmadas.
Visitando São Francisco, Booker conheceu Walker Ryan
(Photo: Arquivo pessoal)
Como é seu dia a dia quando está em Nova York?
Se eu não tenho escola, eu só saio com os amigos, ando de skate, faço arte, escuto música. As vezes ficamos de saco cheio de fazer as mesmas coisas todos os dias e andamos por aí procurando por algo novo. Nova York é cheia de parques, pequenas lojas e restaurantes, então sempre está acontecendo alguma coisa.
Suas viagens são feitas nas férias da escola?
Sim, eu tenho três férias escolares, que me permite fazer umas 3, 4 viagens por ano. Mas mesmo assim é uma luta ir para fora e filmar tudo que precisamos em tão pouco tempo. Pelo menos, agora descobrimos como fazer cada locação durar um tempo.
Você já planejou seu futuro? Sabe o que vai fazer depois dos estudos?
Eu tenho feito muitas artes recentemente, então estou pensando em fazer algo com isso. Definitivamente, quero continuar viajando, bem como continuar o programa Booker Travels pelo máximo tempo que puder. Mesmo assim, quero ter certeza que sempre estarei vendo coisas novas e conhecendo novas pessoas.
Seu lema é “Live Life Outside”. Traduza isso para o português e explique o que significa para você.
“Viva Vida Fora”. Basicamente, é todo objetivo com o programa. Queremos encorajar os jovens para sair de suas casas e experimentar o mundo em primeira mão. Soa irônico que usamos a internet para incentivar os jovens a sair da internet, mas de qualquer forma, conseguimos mostrar como o mundo é incrível.
Gravando com a mãe, Tânia Cypriano, na Nicaragua
(Photo: Rob Langhammer)
Você mora num dos principais destinos de turismo do mundo, Nova York, e deve conhecer muito bem a cidade. Há a possibilidade de rolar alguma série de episódios aí?
Definitivamente! Atualmente, estamos no meio do desenvolvimento de um novo seguimento no nosso site. Nós já começamos com um blog dando dicas sobre coisas a fazer, mas planejamos incorporar três rápidos vídeos que mapearão a cidade toda. Será só eu indo por todos os bairros, andando em alguns picos, e parando em algumas lojas legais que eu gosto.
Dê algumas dicas básicas para os skatistas que planejam visitar e andar de skate na sua cidade.
Vá para o centro da cidade e ande de skate em tudo que puder. Prometo que você achará picos realmente legais. Também visite o site
http://quartersnacks.com/spots/ que tem muitas informações de picos de Nova York.