Por. Fernando Torelly,
Esperava não ter que voltar ao assunto skate/futebol, mas a dona adidas não me deixou. Esses dias ela lançou uma coleção de camisas de futebol comemorativa da Copa do Mundo de 2014. Cada fardamento corresponde a nacionalidade de um Pro (e um Amador). Como já escrevi sobre futebol no falecido De Fora F. C. (os caras achavam que eu entendia do assunto assim como o pessoal da Vista acha que eu entendo de skate), sou colecionador de camisas de clubes (na real só do América do Rio) e trabalhei no projeto da camisa da CBF para as Olimpíadas de 2012, me senti dotado de todas as ferramentas para criticar e escrotizar essa encoxadinha que o nobre esporte bretão mais uma vez dá no skateboard. Para ficar mais interessante ainda, já que a Marca das Três Listras resolveu usar o latiníssimo nome COPA em sua coleção, então também tomei a liberdade de batizar seu time de craques com apelidos típicos de jogadores brasileiros.
Mark Gonzales/EUA
Eu tenho quase certeza que o Gonzales nunca viu um jogo do Team USA na vida e possivelmente deve ter mandado um “uaréva” quando o marketing da Adidas veio com esse papo torto de soccer. Eu diria que a camisa é de uma preguiça assustadora, a própria Adidas vestiu a seleção norte-americana na Copa de 94, uma camisa doida pra caralho, cheia de stars and stripes que teria sido perfeita para representa-lo. Eu poderia dizer isso, se Guto Jimenez não tivesse me informado que o próprio desenhou a camisa. Por esse motivo me sinto impedido de criticar, já que só a ciência do futuro poderá desvendar como funciona a cabeça do Gonz. O apelido de Mark Gonzales poder ser Marquinho Maluco ou Mestre Gonza.
Benny Fairfax/Inglaterra
Putz, preguiça criativa permeia toda essa coleção, não só preguiça como a falta de informação e a do Fairfax é melhor exemplo. Ela lembra muito as tailored by que a Umbro fez pra Football Assossiation e em nada a colaboração que a Umbro fez com a Palace, o que é uma pena. A falta de informação entra por conta do próprio Benny dizer que é uma homenagem ao título de 66. Bom, esse título imortalizou a camisa vermelha e não a branca. Para ser fair com o fax, ao menos ela tem o mérito de ser manga comprida. Jogasse no Brasil, ficaria famoso pela alcunha de Bené Jamaica.
Lem Villemin/Alemanha
Conhecem o termo jogar para a torcida? Foi exatamente o que a marca preferida do Run DMC fez. Reeditando o design mais famoso de toda a história da Adidas, não tinha como estragar essa camisa baseada no uniforme que não só foi campeão do mundo em 90 (chora Busenitz) mas também foi uma quebra de paradigma. A “primeira camisa de futebol que dava para ir nas festinhas” como bem colocou Felipe Marx do Minhas Camisas. Pela preguiça e obviedade também serei preguiçoso, obvio e ignorarei o fato do cara ser de origem vietnamita batizando-o de China.
Raul Navarro/Espanha
Para quê comprar uma camisa que é praticamente igual a que a seleção espanhola usou na última Copa se você ainda acha a original venda por um bom preço nos Ebays e ponta de estoques da vida? Eu senti falta de uma camisa de cor escura nessa coleção e o Raul podia ter ido com o clássico segundo uniforme de cor azul-marinho da Fúria. Se bem que nem a seleção espanhola vai usar essas cores na Copa e sim preto e verde (não sei de que cu tiraram isso), então pra que se importar? Navarro se emocionaria com o Maraca inteiro berrando por Raul Barbudo.
Lucas Puig/França
Muito parecida com a camisa que a França usou para arrebentar a nossa bunda em 98, talvez seja a maior decepção de toda a coleção. Não sei diabo porque não colocaram as faixas horizontais em branco e vermelho que tinham na original, fiquei com uma sensação de Charles De Gaulle sem bigode. Sendo´Puig da terra onde o povo faz biquinho pra falar, ele brilharia nos campos com o poderoso codinome de Lulu Mon Amour (se bem que tá mais pra nome de guerra de transformista).
Rodrigo TX/Brasil
Essa é a que me deixa mais desgraçado da cabeça. A Adidas vestiu por um período muito curto a seleção e teve seu momento mais famoso na Copa de 78 na Argentina. Perderam uma boa chance de usar mangas compridas e abusar das listras no ombro que cai tão bem com o verde e amarelo. Fazendo uma camisa que tenta evocar o título de 70, mas que me parece totalmente genérica, cagaram o lance. Por conta do FS tail slide cabuloso no fim do vídeo promocional não tenho outro apelido para ele a não ser Rodrigo Matador.
Conclusão
Talvez seja recalque meu por a Dona Adidas não ter me chamado para consultor (eu sou baratinho, pergunta pra Tia Nike) mas a verdade é que eu achei a coleção mal concebida e mal conceituada pra cacete e digo isso ignorando o fato que uma grande parcela dos skatistas cagarem pra futebol.
Mas para mim o verdadeiro mistério dessa coleção é ausência do argentino Busenitz (que segundo meu amigo João Paulo Cunha, seria o Dennis Gaúcho). Quero dizer… Porra! O cara é argentino, a AFA tem dois títulos mundiais e tá com a Adidas pra mais de vinte anos! Sei lá se o patrocinador dele não entrou em acordo como os outros nessa colaboração, mas que tinha tudo a ver uma camisa do cara, isso tinha.
P.s: Por culpa da minha dislexia e preguiça de conferir, acabei confundindo o Dennis Busenitz com o Diego Bucchieri. Eu faço isso direto, confundo Ron Allen com Ron Whaley, Jim Greco com Jeff Grosso e Heath Kirchart com Satva Leung e Karma Tsocheff. Fica aí o meu “malei-me” a todos. Mas não prometo que essa será a última asneira que escrevo aqui.
Assista:
Fonte: Vista.