sexta-feira, 16 de junho de 2017

Do amador ao profissional: entenda o caminho para sair do amadorismo no skate


Segundo a Confederação Brasileira de Skate, dentro do Brasil são cerca de 800 skatistas profissionais e 10 mil amadores

por Maria Eduarda Cardim,
Igor e Victor são skatistas do DF; um acabou de se tornar profissional o outro ainda é amador Em cima de um shape de madeira e quatro rodinhas, o praticante de skate é considerado muitas vezes apenas amador. No entanto, o mercado de atletas profissionais no Brasil é grande. Segundo a Confederação Brasileira de Skate (CBSk), dentro do Brasil são cerca de 800 skatistas profissionais e 10 mil amadores. Nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, apenas profissionais vão competir nas categorias street e park. Os critérios para sair do amadorismo dependem da modalidade em questão.

O processo para se tornar um profissional varia entre as mais de 10 modalidades existentes de skate (ver quadro). Cada uma delas possui um comitê, eleito pelos próprios atletas, responsável por definir as regras. “Tem algumas modalidades mais flexíveis e outras mais rígidas, já que a diretoria da CBSK dá autonomia para os comitês decidirem”, explica o vice-presidente da entidade Edson Scander. Nem todas elas avaliam, por exemplo, a colocação em ranking e campeonatos.

No street, modalidade mais rígida em relação aos critérios, o importante é estar em evidência no mercado. Para alcançar o nível profissional não é verificado a colocação no ranking, mas é preciso ter conquistado uma capa de revista de skate de circulação nacional. Além disso, o skatista também precisa de um patrocinador, geralmente um fabricante da indústria, disposto a pagar um salário e lançar um modelo de produtos com a sua assinatura. “Para encerrar, é obrigatório lançar um vídeo com a apresentação do skatista com o lançamento em premiere no Brasil”, esclarece Edson.

O presidente da Federação de Skate do Distrito Federal (FSKTDF), Warleiton Leitão, 39 anos, afirma que dentro do DF, cerca de 300 mil pessoas praticam o esporte. A grande maioria é amadora e apenas seis deles são profissionais. Para ele, o número é baixo. “Os critérios são bem engessados e ainda há outras dificuldades, como a falta de pistas adequadas aqui na cidade”, critica.

Representantes do DF

Entre os profissionais que representam Brasília, o mais novo integrante é Igor Calixto, 28 anos. A aprovação do skatista da modalidade street veio em janeiro deste ano. Praticante do esporte desde os 11 anos por influência de um amigo da escola, agora Igor pode competir no cenário profissional. A melhor parte é poder ganhar a premiação em dinheiro, já que no amadorismo a prática é proibida. Ele também pode atuar como juiz nas disputas amadoras.

Além disso, Igor receberá parte dos lucros da venda dos produtos lançados com o próprio nome. Apesar de possuir o patrocínio desde 2009 e o projeto para sair do amadorismo desde 2014, ele julga o “tempo de espera” normal. “Não achei o meu caso tão demorado porque eu tinha uma série de projetos com a marca e isso realmente leva um tempo”, comenta. O único ponto que sente falta no mundo profissional é a falta de campeonatos. “Hoje, meu eu foco é mais em vídeos e fotos. Não sou tão competidor”, esclarece.

A primeira participação como profissional em um campeonato foi em abril no STU Open, etapa do Circuito Mundial de Street 2017, no Rio de Janeiro. A competição que reunia amadores e profissionais foi tão equilibrada que um skatista amador subiu no pódio em terceiro lugar ao lado de profissionais. O curitibano Lucas Alves, 19 anos, confessa que antes do campeonato nunca tinha pensado em se tornar profissional. “Só agora que comecei a avaliar. O plano é que a mudança aconteça antes da próxima Olimpíada”, conta.

Para chegar à final, Lucas teve que encarar fases disputadas somente com amadores. A competição teve sete representantes do DF. Entre os amadores, Victor Sousa, 17 anos, foi um dos selecionados entre 40 skatistas. Ele foi conquistou a vaga para o Circuito Brasileiro Amador pela segunda vez. O morador de Samambaia também pratica a modalidade street desde os 11 anos. Ele reconhece que o nível entre os skatistas é próximo. “O profissional corre menos campeonato. Ele se dedica mais ao marketing”, explica.



Dificuldades comuns

Igor reconhece que o amador vem com mais sede de ganhar os campeonatos. “Além de não precisar provar constantemente sua qualidade, o skatista profissional no Brasil leva muito tempo para chegar no topo e o corpo fica desgastado”, observa. Porém, algumas vezes as dificuldades são as mesmas. O nível e condições das pistas são as principais reclamações em geral no DF.


Até mesmo o presidente da federação afirma que faltam instalações para a prática na cidade. Segundo ele, a principal pista é a de Samambaia. Entre as 27 pistas que existem na cidade muitas delas não são atualizadas ou bem conservadas. “As pistas de fora são todas diferentes daqui. São obstáculos mais difíceis”, afirma Victor que costuma usar a pista da cidade onde mora. Igor costuma andar no Setor Bancário Sul e com mais experiência critica as pistas da cidades.

Para ele, a arquitetura dos skateparks da cidade não é atual. “Não é como as pistas de eventos de fora. Pra gente competir de igual pra igual, a gente teria que sair migrando nas pistas em Brasília para treinar”, analisa. Warleiton afirma que no próprio Plano Piloto não se encontra uma boa instalação. “Isso mostra uma visão antiga do skate, na qual a prática é marginalizada. Espero que com a admissão no programa olímpico isso mude”, completa.

Modalidades do skate
  • Banks
  • Bowl
  • Freestyle
  • Freestyle dancing
  • Downhill slide
  • Downhill speed
  • Mini ramp
  • Park
  • Pool
  • Push race
  • Slalom
  • Street
  • Vertical
Onde andar de skate no DF
Pista de Samambaia

Endereço: Quadra 302, Samambaia Sul
Data da fundação: 2016

Pista da Candangolândia
Endereço: Praça do Bosque, Quadra QRO A
Data da fundação: 2006
 

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