Texto: Diogo Vaz
“Ser skatista no Brasil é foda! E se quiser viver disso então, tem que aturar um preconceito histórico de que skate é coisa de vagabundo. Após ver o novo vídeo da Família DSAL eu fiquei me perguntando: “Mas que porra de vagabundo é esse que acorda cedo pra ficar se jogando em viadutos e outros picos absurdos como os que eu to vendo?” Acho que a melhor resposta vem no formato irônico com que essa galera escolhe os nomes de suas produções. Após o ótimo “Dorme Sujo, Acorda Limpo” de 2012, que marcou a fusão da crew carioca Família Athletics com a galera de Piracicaba da No Name, a atual Família No Name apresenta um filme de 45 minutos de manobras de alto nível em picos inéditos do Brasil e do mundo. O vídeo “Vai Trabalhar Vagabundo” é o mais novo trabalho dessa verdadeira peãozada do skateboard brasileiro e conta com partes pesadas de Wallace Bello, Stanley Inácio, Raphael Índio, Allan Resmunga, Akira Utida, Douglas Pankrage, Gabriel Dornelles, Alex Lekinho, Jean Spinosa, além do rolé do Marcello Gouvêa por picos insanos no Brasil e também registros de sua passagem pelos EUA decorrente da vitória conquistada no best trick do Matriz Pro em 2012”.
Marcello Gouvea – Bean plant – Lami/RS – foto Samir Barcelos
“Com sessões predominantemente diurnas, a galera da FANN apresenta uma produção feita com muita raça, união e amor pelo skateboard e a diversão que ele proporciona. Os skatistas da DSAL em sua grande maioria não contam com patrocínios e apoios, e por mais difícil que tenha sido viver do skate nos últimos anos, nada os impediu de filmar, editar e lançar para o público este que promete ser um dos melhores vídeos nacionais de 2016, com seu alto nível de manobras e imagens”.Bom, assista, tire sua conclusão e depois leia a entrevista do Diogo Vaz com o Marcello Gouvea:
Diogo: Há quanto tempo estão filmando e editando partes deste novo vídeo?
Marcello: Estamos filmando o VTV desde de 2012, porém tivemos alguns conflitos com a mudanças das câmeras que antes filmávamos em DV e logo na sequência do DSAL Vídeo chegou o HD bombando. Só que hoje em dia já pensamos muito em voltar para o DV outra vez (risos). Mas em média foram 5 anos que gravamos esse filme e acabamos lançando vários trailers que acabaram virando mini curtas durante esses 5 anos (Mendigaria Motorizada, Proceder e Sou Trabalhador, são alguns deles), que na verdade nada mais são do que uma transição do DSAL Vídeo para o VTV Vídeo. Nossos filmes sempre tem uma continuidade desde do primeiro ao último e mensagens subliminares também.
Alex Lekinho – nollie bs tailslide – Volta Redonda/RJ – foto Leonardo Avelino
Diogo: Qual a diferença do VTV para o DSAL?
Marcello: A diferença entre um e outro é que o DSAL nasceu das duas Crews que se unificaram durante o projeto Encrewzilhada e já estavam gravando juntos para o projeto DSAL Vídeo, que ficou famosa por ser a [FANN] Família No Name com seu slogan nunca divulgado [o rio piracicaba]! Já o VTV não, ele foi um projeto criado pelos criadores do DSAL, mas não só com os caras da FANN. Com alguns imprevistos durante as gravações, resolvemos convidar outros skatistas de fora da crew para fazerem parte do projeto. Isso é uma grande diferença de um para o outro!
Diogo: Vocês frequentemente “debocham” da situação do skatista brasileiro em seus vídeos, foi assim no DSAL, no curta Mendigaria Motorizada “e “Sou Trabalhador “e agora em “Vai Trabalhar Vagabundo”. O que você acha da percepção das marcas de skate com skatistas Amadores e Profissionais? Você que já chegou a empreender em uma marca própria, acha que mudou algo?
Marcello: Não, na verdade eu nem debocho não, eu só tento passar adiante a minha visão como atual Profissional do skate brasileiro. Porém a Família No Name sempre andou lado a lado com quem faz parte da parada, uma forma de enxergar as coisas e também como lidar com as dificuldades do dia-a-dia diante desses velhos problemas que estamos cansados de ficar falando, né?! E uma coisa que sempre brigamos em nossos vídeos, é que sempre fosse o mais verdadeiro possível, e não ficar tentando passar uma certa coisa que não faz parte de cada um…
Diogo: Tá certo, mas então o que você acha que tem que mudar para melhorar o cenário para quem quer viver do skateboard no Brasil?
Marcello: A valorização do skatista, do videomaker e do fotógrafo. Acho que quando essas três coisas se alinharem diante de uma empresa boa de skate, ai sim vamos longe!
Raphael Indio – ollie into bank – Vila Militar/RJ – foto Rene Jr
Diogo: É isso então MG, valeu pela visão e sinta-se à vontade pra agradecer quem fortaleceu no VTV e dar o papo final.
Marcello: Agradeço ao Naan Silva, que caiu de cabeça e deu o sangue para finalizar o projeto, além dele também o Rodrigo Torturella Maka que também editou junto comigo e o Naan. Sem esquecer do Felipe Martins, Samir Barcelos, Renan Carvalho e do Wolmin Dahgrota que fez as artes do filme.
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