Quem é Skatista?
Essa pergunta já foi muito simples de ser respondida. Hoje o Skate tornou-se uma atividade de massa, com milhares de praticantes em todos os cantos do mundo, o que é extremamente positivo, não só para o próprio Skate, mas para a humanidade: quanto mais gente usufruir dos benefícios que o skate traz, mais pessoas de bem com a vida e, por consequência, um mundo melhor. Acontece que, com a proliferação, fica cada vez mais difícil definir quem é skatista. E, indo mais fundo no raciocínio, fica até uma dúvida se tal rótulo tem alguma utilidade. Skatista mesmo, pra mim, é o cara que já passou preconceito, já foi chamado de vagabundo, de moleque, de maloqueiro. O cara que perdeu uma mina de sonho porque não admitia vestir-se como ela queria, frequentar os lugares que ela frequentava, deixar de andar de skate num pico sujo e fedorento pra passar um final de semana numa praia badalada cheia de pessoas perfeitas.
Que enfrentou constrangimentos na sala de casa, com a família achando tudo muito estranho. Skatista é o cara que leva o skate como estilo de vida, todo o tempo, o tempo todo. Mas e o cara que vai andar de longboard no parque, apenas aos sábados? E o colecionador que vasculha o eBay e se enche de shapes e rodas antigas? E a menina que passeia de cruiser, rebocada pelo cachorro? E o cara que fez um banks no fundo do quintal, e só anda lá? São skatistas? Andam de skate? São simpatizantes? Inspirados? Vão continuar? Vão desistir? O mercado se descabela tentando responder a essas perguntas e atingir este público da forma e com o impacto que eles esperam. Ele consome. Ele anda de skate.
Mas ninguém sabe muito bem o que ele é. Conheço muita gente que, diante desse cenário, sacramenta, sem hesitar, que “o Skate acabou”. Claro que a referência é o Skate puro, aquele que no passado nos fazia mal vistos. Hoje em dia, Skate está em tudo: na TV, na escola, no salgadinho, na Caras. Atores e atrizes desfilam sobre ele. Talvez o Skate não tenha acabado, e cabe a nós defender e divulgar aquilo que temos como verdade, o que nos move, as particularidades que fazem do Skate a coisa mais legal do mundo. Mas a realidade é inegável: o Skate vem se transformando em algo bem diferente daquilo que, num passado não tão distante, nos chamou a atenção e nos trouxe até aqui. (Publicado na CemporcentoSKATE 175 / ilustração "Carinho ao Carrinho" por Rodrigo Geo.)
Fonte: CemporcentoSKATE.
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